Ex-campeão do UFC se prepara para enfrentar Thiago Silva: 'Prefiro
lutar contra gringo, mas o Brasil sempre tem caras tops. É uma coisa
inevitável'
Lyoto Machida cantou a pedra ao admitir, em entrevista recente ao
SPORTV.COM, que a terceira luta da série contra
Maurício Shogun
vai acontecer "mais cedo ou mais tarde". Na primeira vez em que se
enfrentaram, em outubro de 2009, o especialista em caratê venceu por
decisão unânime dos jurados, muito contestada na época, e manteve o
cinturão dos meio-pesados do UFC. Na segunda, em maio do ano seguinte,
Shogun não deu chance para o azar e nocauteou o rival ainda no primeiro
round, roubando-lhe o título. O curitibano também não ficou para trás no
discurso e "empatou" com Lyoto ao manifestar o desejo de realizar a
chamada "negra" contra o compatriota. E aproveitou para cavar uma vaga
como técnico da próxima edição do The Ultimate Fighter Brasil - Em busca de campeões, reality show exibido pela TV Globo e que tem feito sucesso com os atuais treinadores Vitor Belfort e
Wanderlei Silva.
- Acho que vai rolar sim, uma hora ou outra. Se for no TUF, melhor
ainda. Ser técnico do TUF é um grande desejo que eu tenho - disse, por
telefone, em entrevista ao
SPORTV.COM.
O cinturão, no entanto, não ficou com Shogun por muito tempo. Na
primeira defesa, sofreu um nocaute técnico para o atual campeão da
categoria até 93kg, o fenômeno
Jon Jones.
O lutador garantiu que não tem como meta em especial a revanche contra o
americano. O que ele quer mesmo é reconquistar o título. Mas, se voltar
a enfrentá-lo, a confiança será fundamental.
O outro lado da moeda: derrota e perda do cinturão para Jon Jones (Foto: Agência AP)
- Acho que ninguém é imbatível. Ele é um cara bom, grande, sabe usar
muito bem sua envergadura. Mas com certeza muitos podem vencê-lo. Ele é
bom, diferenciado, eu o respeito muito como atleta. Mas não é imbatível -
declarou.
Atualmente Shogun se prepara em Curitiba para o UFC 149, que será
realizado no dia 21 de julho, no Canadá. Ele vai enfrentar outro
compatriota,
Thiago Silva,
em seu retorno aos octógonos desde a épica batalha de cinco rounds
contra o veterano Dan Henderson, em novembro do ano passado. E essa
ainda está longe de ser uma de suas últimas lutas na carreira. Aos 30
anos, ele disse que pretende estar em atividade até os 36. Confira, a
seguir, a íntegra da entrevista com o ex-campeão dos meio-pesados do
Ultimate:
SPORTV.COM: Está treinando em Curitiba? Como está a preparação para o UFC 149?MAURÍCIO SHOGUN: Estou em Curitiba, com minha equipe, vou ficar aqui o tempo inteiro. A preparação está muito boa, estamos muito bem.
Qual a diferença entre os treinos aí para os treinos em São Paulo e nos EUA?Na
verdade, analiso cada adversário que vou enfrentar. Quando vou
enfrentar um cara do wrestling, busco mais os Estados Unidos, onde têm
os melhores wrestlers. Agora estou em Curitiba, aqui nunca esteve tão
bom quanto agora. Com certeza aqui é o melhor lugar para eu treinar
hoje.
O Rafael Cordeiro te criticou pela preparação em São Paulo antes de você enfrentar o Dan Henderson. Já apararam as arestas?Está
tranquila a relação, já trocamos ideia, está tudo na boa. Não tenho
nada contra o mestre. Ele é uma pessoa a quem admiro muito e, como
professor, tenho muito carinho por ele.
Você mais uma vez vai enfrentar um brasileiro. Tem algum ponto negativo nisso?Na verdade, prefiro lutar contra gringo, mas o Brasil sempre tem caras tops. É uma coisa inevitável.
Como você analisa o Thiago Silva?Eu o analiso como um cara completo. Tem um chão muito bom e a mão pesada. É uma luta perigosa, mas vou treinar bastante.
Espera uma luta em pé?Na verdade, espero lutar em
pé com certeza, mas ele luta no chão também. Vou estar preparado para
todas as áreas. Vou treinar muito wrestling, muito jiu-jítsu, e estarei
pronto para ele.
Você vem de uma batalha épica contra o Dan Henderson no UFC
139. Gostou da experiência de lutar cinco rounds daquela maneira ou quer
combates mais tranquilos?
Gostei, acho que foi legal disputar cinco rounds. Eu nunca tinha
disputado antes. Mas vou amarradão para qualquer tipo de luta (Nota da
redação: Shogun, na verdade, já havia lutado cinco rounds no primeiro
embate contra Lyoto Machida).
Já se recuperou totalmente daquela luta, principalmente no aspecto mental?Já sim, com certeza. Foi uma luta à qual tive que assistir várias vezes, e estou tranquilo psicologicamente.
E em relação ao resultado? A derrota por decisão dos jurados ainda te incomoda?Não
me incomoda mais. Só não entendi o critério da arbitragem para dar 10 a
9 no quinto round. Para mim foi 10 a 8 (Nota da redação: Henderson
venceu por pontos, mas, se os juízes tivessem dado o placar de 10 a 8
para Shogun no quinto e último round, em vez de 10 a 9, como fizeram, a
luta teria terminado empatada).
Maurício Shogun ataca Dan Henderson durante a luta histórica entre eles, no fim de 2011 (Foto: AP)
Como você se enxerga dentro da categoria neste momento?Não
me enxergo desse jeito. Penso em lutar, em fazer o meu trabalho. O
cinturão é uma consequência das minhas vitórias. Não penso muito em top
5, top 3... Se eu estiver bem, vou lutar pelo cinturão, vou subir no
ranking da categoria.
Sua meta é uma revanche contra o Jon Jones?Minha meta é vencer o Thiago Silva, mas o grande sonho é reconquistar o cinturão do UFC.
Pretendo lutar até meu corpo aguentar bem, enquanto estiver bem de reflexo. Acho que isso seria até os 36 anos, mais ou menos"
Sobre a aposentadoria
O Jon Jones é um fenômeno, mas o Lyoto disse que ele nao é imbatível e tem seus pontos fracos. E você, o que pensa?
Acho que ninguém é imbatível. Ele é um cara bom, grande, sabe usar
muito bem sua envergadura. Mas com certeza muitos podem vencê-lo. Ele é
bom, diferenciado, eu o respeito muito como atleta. Mas não é imbatível.
Em relação ao Lyoto, concorda com ele de que a "negra" entre vocês vai acontecer mais cedo ou mais tarde?
Acho que vai rolar sim, uma hora ou outra. Se for no TUF, melhor ainda. Ser técnico do TUF é um grande desejo que eu tenho.
Mudança de categoria é uma coisa que passa pela sua cabeça ou jamais?Jamais. Não tem como eu baixar nem subir de peso. Eu me sinto confortável nessa categoria.
Sobre a questão da luta entre amigos, que gerou muita polêmica no TUF, qual a sua posição?Sou
a favor quando é inevitável. Eu iria lutar contra o Wanderlei no GP (do
extinto Pride) em 2005, mas só se fosse na final. Mas o Belfort tinha
como evitar, por isso achei errado (Nota da redação: Wanderlei Silva foi
derrotado por Ricardo Arona na semifinal do torneio, e Shogun se tornou
campeão do Pride ao nocautear Arona no primeiro round da final).
Tem visto o programa? Alguém ali te impressionou?Assisto
sim. O (Daniel) Sarafian é um cara com quem sempre treino junto, sei
que tem potencial e acho que vai ganhar na categoria dos médios. E acho
que o (Rony) Jason ganha entre os penas.
Pretende lutar até quando?Pretendo lutar até meu corpo aguentar bem, enquanto estiver bem de reflexo. Acho que isso seria até os 36 anos, mais ou menos.
Hoje, quem é melhor peso-por-peso do mundo: Anderson Silva ou Jon Jones?Votaria no Anderson Silva. Com certeza, ele é o cara a ser batido, é o melhor do mundo.
Créditos: SporTV